fonte: Colégio Brasileiro de Cirurgiões
No dia 12 de setembro de 2019 houve um incêndio nesse importante hospital da Zona Norte do Rio de Janeiro, recentemente reformado, onde estavam internados 113 pacientes. Diversas cirurgias estavam em andamento e que tiveram que ser interrompidas. Um controle de dano não imaginado para a maioria dos cirurgiões em cirurgias eletivas. Onze pacientes, a maioria do CTI, dependentes de ventilação mecânica, não puderam ser evacuados e faleceram.
Todos os 102 pacientes foram removidos para 12 hospitais, privados e públicos.
Dezenas de ambulâncias de diferentes hospitais fizeram essas remoções. A triagem em cena fez uma efetiva seleção na escolha do hospital e do tipo de ambulância a ser utilizada, seguindo um critério técnico para o atendimento de desastres com múltiplas vítimas.
Funcionários do Hospital Badim e bombeiros também sofreram lesões e foram internados. Nenhum paciente faleceu no transporte.
A lesão principal das vítimas, muitas internadas pelas mais diversas condições clínicas ou cirúrgicas, foi intoxicação pela fumaça negra e cianeto, produto extremamente tóxico, e queimadura de via aérea.
Foi necessário a utilização do kit de um concentrado de vitamina B12 (aprovado para ser administrado nesses casos). Porém, como o estoque é reduzido, foi encontrado em poucos hospitais. Sua utilização foi possível pela mobilização das secretarias municipais e estadual de saúde, farmacêuticos dos mais diversos hospitais, do Rio e de fora.
Da mesma forma, mais de doze broncoscopistas, de diversos hospitais públicos e privados, se voluntariaram para atender dezenas de pacientes que precisam de broncoscopia de urgência para retirada do enorme acúmulo de resíduo na árvore brônquica que ocorre nesses casos.
O principal atendimento desses pacientes graves foi no Hospital Quinta D’Or, que fica próximo ao Hospital Badim.
Muito será aprendido com essa tragédia em relação a Segurança no Sistema de Saúde.
Uma minuciosa investigação técnica-científica será necessária para entender as causas e como isso ocorreu.
Esse acidente já ocorreu no passado em diversos hospitais do mundo. No Rio de Janeiro, na última década foram pelo menos quatro acidentes, mas nenhum dessa magnitude. O Corpo de Bombeiro encontrou intensa dificuldade para o resgate das vítimas que não conseguiram ser evacuadas pelos funcionários e profissionais de saúde que atuavam naquele momento no Hospital, pois a fumaça tóxica se disseminou com extensa rapidez e não havia luz para progredir nos andares atingidos.
Mas ficou claro como a solidariedade, profissionalismo e resiliência estimula os profissionais de saúde, fez a diferença de mitigar o número e gravidade das vítimas dessa tragédia.
O Colégio Brasileiro de Cirurgiões se solidariza com todos atingidos nesse acidente e homenageia os profissionais que ajudaram no resgate e tratamento dos pacientes. Os médicos deram mais uma demonstração e estímulo do porquê escolhemos ser MÉDICOS.
Diretório Nacional do Colégio Brasileiro de Cirurgiões